A espiritualidade que Jesus deixou para nós

E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; e, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:
Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós.
Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.
Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa.
Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.

Evangelho de Mateus 5:1-16

Jesus estava pregando as boas novas do reino de Deus, e grande multidão o seguia admirada com o seu ensino. Vendo a aglomeração a sua volta, Jesus subiu ao monte e rodeado pelos seus discípulos, passou a ensinar as muitas pessoas que o seguiam, ensino este conhecido como o famoso Sermão do Monte.

A primeira pergunta que me vem à mente é por que tanta gente seguia a Jesus? Esse pessoal queria ouvir o que Jesus tinha para dizer. Sua pregação (o reino dos céus está próximo) e os sinais que fazia despertavam a curiosidade de muitos. Qual era sua espiritualidade, seu modo de vida? Como Ele poderia levá-los a Deus?

Espiritualidade na prática é redundância. Jesus nunca ensinou, incentivou ou deu margem para o desenvolvimento de qualquer espiritualidade que não se expressasse no dia a dia, com reflexo direto no nosso modo de viver. Pelo contrário, quem fazia isso eram os fariseus e por isso foram tão intensamente criticados por Jesus.

Os ensinos de Jesus são coerentes com sua vida, são acessíveis a qualquer um. Jesus traz o conhecimento de Deus e de sua vontade (o evangelho) ao simples, e quando necessário se utiliza inclusive de parábolas para facilitar o entendimento de verdades tão essências para o nosso dia a dia.

As palavras de Jesus são tão relevantes ao nosso cotidiano que as reações das pessoas que o ouviam eram imediatas. O jovem rico se entristeceu e o abandonou, a multidão que o seguia disse que o seu discurso era duro e também o abandonou.

Não há dissimulação na pessoa de Jesus. Ele não está interessado em agradar seus ouvintes, pelo contrário, seu compromisso é com a Verdade. O interesse de Jesus não é manter o status quo, mas transformar seus ouvintes – trazer vida abundante.

Isso tanto é verdade que as bem aventuranças são uma contra-cultura, uma proposta diferente de viver. Jesus está dizendo que existe esperança e não tem porque vivermos de qualquer forma, sem se importar com a nossa humanidade. Por falar em humanidade, as bem aventuranças são uma proposta de humanização do homem que há muito tempo vive longe de seu propósito.

Os valores de Jesus são diferentes dos valores do mundo. Para ele as virtudes fazem parte da nossa semelhança de Deus, por isso os vícios e toda forma de mal deve ser combatido com toda diligência.

Por falar em virtude, os verdadeiros seguidores de Jesus estão realmente engajados com seus valores. O domínio próprio faz deles pessoas livres de toda forma de maldade, o comprometimento com a justiça é para eles como uma refeição diária, essencial para a vida. A compaixão com o desfavorecido é notória e eles não medem esforço para socorrer o próximo, a solidariedade está presente ainda que seja custoso para eles. E não poderíamos deixar de notar o espírito pacificador existente nesta comunidade do Rei, todos estão empenhados com o sucesso da paz, pois foi isso que o Cristo trouxe para o reino, ele desfez toda a inimizade que havia.

Jesus não poderia omitir que eventualmente seus seguidores sofreriam hostilidade, e em alguns períodos esse sofrimento seria intenso. Mas o que impressiona é a alegria que os move, ainda que tempos difíceis estejam à vista. O fato é que esse reino inspira outros povos e influencia tempos e eras. Cada discípulo sente-se responsável por promover o amor, que experimentou neste reino, àqueles que estão distantes e ainda não participam desta realidade.

Logo, não é de se estranhar que a espiritualidade de Jesus, ou o modo de viver proposto por Cristo, nos traz a incumbência de uma grande missão (ou tarefa). Jesus chama seus discípulos de sal e luz do mundo. E isso nos traz várias implicações, vejamos:
 
1ª) A missão é de todos os discípulos

2ª) A missão é para toda a humanidade

3ª) A missão envolve a integralidade do ser humano - trazer vida abundante

4ª) A missão eventualmente promoverá novos discípulos (ainda que isso não ocorra ela é válida e digna)

5ª) A missão tem como objetivo glorificar a Deus

Logo, falar em missão integral é redundância. Talvez como forma de enfatizar o caráter da missão, mas na verdade esse termo apenas nos acusa que algo está errado.

Que o Senhor nos ajude a viver a espiritualidade de Jesus, como promotores do reino de Deus, louvando a Deus e caindo na graça de todo povo.

Por Pedro Paulo Valente
Publicado originalmente por Apoteose

Comentários

Postagens mais visitadas