Os sete pecados capitais - parte 1 - orgulho

“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um.” (Romanos 12:2-3)
A vida cristã é resultado da graça, do favor de Deus. O que somos é resultado direto da misericórdia dEle, e tem como propósito o louvor da glória de Deus. Não há espaço para a altivez de espírito, mas tão somente para a humildade e a vida em comunhão com Deus e com o próximo, um sinal de dependência.

O problema do orgulho
O orgulho é o primeiro, o pior e o mais predominante dos pecados capitais. Isto porque em muitas das vezes ele é a fonte dos demais pecados, ninguém está livre dele. Sua origem não está no mundo e nem na carne, mas no próprio diabo. (OS GUINNESS)

A Bíblia diz que o pecado de Lúcifer foi se exaltar no seu coração, cheio de orgulho e vaidade quis se assemelhar a Deus (Isaías 14:12-15; Ezequiel 28:12-19). O orgulho é um pensamento indevido de si mesmo, de alguém que se eleva e desconsidera tudo a sua volta, uma atitude irracional de auto-suficiência.

O orgulho cega o homem, entorpece a alma e o distância de tudo que está a sua volta, seja de Deus, do próximo, ou até mesmo da realidade. O homem dominado pelo orgulho tem como fim a sua ruína, caracterizado pelo desamparo, pois há muito tempo ele confia apenas na sua força.

O orgulho na cultura contemporânea
Os Guinness propõe o seguinte dilema - vivemos um momento no qual o mundo achou duas formas de mudar este vício em virtude.

1. Mudou-se a sua definição, confundindo orgulho com amor próprio.
2. A motivação que levava a sociedade a considerá-lo um vício foi contestada.

Toda reivindicação de direito é a mim, pois a perspectiva que vale é a minha, independente da realidade que seja. A proposta é de uma construção individual da sociedade, na qual sobressaem os fortes, observa-se um espírito essencialmente competidor. O homem nesta proposta está centrado em si mesmo e na auto-suficiência, é autônomo e livre de tudo e de todos.

Do ponto de vista bíblico, o orgulho é a violação e a desordem fundamental do amor, pois põe o amor próprio frente do amor a Deus. Ele quebra os mandamentos de amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo.

C. S. Lewis, em seu livro Cristianismo Puro e Simples, dedica um capítulo todo para falar sobre o grande pecado, o orgulho. O livro faz apologia da fé cristã, mostrando a sua relevância frente uma sociedade cada vez mais descrente. Segue algumas de suas idéias sobre o vício do orgulho:

1. O orgulho é essencialmente competidor, movido pelo prazer de estar acima do outro.
2. O orgulho sempre significa inimizade, entre seu próximo e Deus.
3. O orgulho não vem da nossa natureza animal, mas diretamente do inferno. Ele é puramente espiritual, e, por isso é o mais sutil e mortal.
4. O orgulho é um câncer espiritual. Ele corrói a própria possibilidade de amor, de contentamento ou, até mesmo, de bom senso.

Essas fortes palavras de Lewis são como uma lanterna para ajudar a enxergar os intentos do coração, para discernir as intenções e medir sobre suas terríveis conseqüências na alma.

Humildade, a virtude que se opõe ao orgulho
A sabedoria do livro de Provérbios e a boa leitura que C. S. Lewis faz da ditadura do orgulho são importantes para despertar a mente. Elas devolvem a sensatez.
Com os humildes está à sabedoria, serão felizes e obterão honra porque confiam no Senhor (Provérbios).
Jesus nos disse que bem-aventurados são os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus (Mt 5:3). Essa é a proposta do reino de Deus que se opõe fortemente aos valores deste século, por isso Paulo adverte a transformar a mente.

Lembre, ninguém pense de si mesmo além do que convém!

Referências:
Os Guinness. Sete pecados capitais. Editora Shedd Publicações.
C. S. Lewis. Cristianismo Puro e Simples. Editora Martins Fontes.

Por Pedro Paulo Valente

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