Semeando a esperança


A esperança é uma realidade fundamental na fé cristã. Ela encontra-se lado a lado com a fé e com o amor. Ela muda tudo, pois nos faz pensar além do aqui e do agora. A esperança cristã é a certeza de que Deus há de cumprir aquilo que nos prometeu. A certeza de que tudo passará, mas as palavras do Senhor permanecerão para sempre. Uma das coisas mais maravilhosas que ele prometeu é que um dia Jesus Cristo voltará em majestade e glória para inaugurar um novo reino onde haverá paz e justiça para sempre. Ele prometeu que nesse novo tempo serão feitas novas todas as coisas, não haverá mais dor, ou lágrimas, tampouco haverá maldade ou orgulho. Seremos novas criaturas resgatadas ao plano original da criação, veremos Deus face a face. Isto é, todos aqueles que hoje esperam nele, não esperarão em vão.

Olhando as palavras hebraicas traduzidas como “esperança” no português aprendemos que há muito significado e valor que por vezes passam despercebidos. Châsâh e bât ach têm uma associação direta com os termos refúgio, esconderijo e segurança; chûl chı̂yl em outras passagens é traduzido como dançar ou gingar mas em Lm 3:26 está escrito “Bom é ter esperança (chûl chı̂yl), e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.” A palavra hebraica kesel literalmente significa víceras ou entranhas porém no SL 78:7 é dito “a fim de que pusessem em Deus a sua esperança (kesel), e não se esquecessem das obras de Deus, mas guardassem os seus mandamentos”. Também o termo tiqvâh que aparece no SL 71:5 “Pois tu és a minha esperança (tiqvâh), Senhor Deus; tu és a minha confiança desde a minha mocidade.” Poderia ser literalmente compreendido como corda ou junta de ligação. Devemos entender a esperança como as raízes de uma árvore antiga, aquela parte que se afunda em solo seguro e permite o crescimento sadio e estável.

Por isso, ela deve ser semeada para no fim ceifarmos a vida eterna. Deve ser sempre nova, podendo renovar as nossas forças. Deve ser viva, podendo vivificar-nos do nosso cansaço. A esperança deve ser internalizada, devemos ser como que “envicerados”, ou seja arraigados pelas nossas víceras, em Deus por meio da esperança. Deve ser evidente, mudando o nosso semblante, fazendo de nós pessoas alegres, gratas. A esperança deve ser um cordão, um elo entre o agora e o porvir, entre nós e Deus. A esperança deve ser uma dança, uma ginga a nos conduzir entre as duras realidades que, por enquanto, nos cercam.

Por nos transportar no tempo a uma realidade muito mais absoluta, a realidade prometida por Deus, à terra firme, é que temos a esperança por âncora da alma, firme e segura. Prossigamos a semear a certeira esperança.

Comentários

Postagens mais visitadas