Missionários brasileiros presos no Senegal
Veja a carta do pastor presbiteriano José Dilson, preso no Senegal junto com a missionária Zeneida Moreira desde o dia 06 de novembro de 2012.
Queridos e mui preciosos irmãos,
Como sabem, hoje, dia 6, completamos 90 dias de prisão por causa da Palavra da Verdade, do Caminho que seguimos e daquele em quem cremos.
Como sabem, hoje, dia 6, completamos 90 dias de prisão por causa da Palavra da Verdade, do Caminho que seguimos e daquele em quem cremos.
Temos certeza,
porém, que a nossa aflição está muito distante das aflições que Jesus sofreu
por nós. Bendizemos ao Senhor porque estas singelas aflições têm servido para a
salvação de vários prisioneiros. Temos testificado a muitos do Seu
Senhorio sobre tudo e todos. Temos tido oportunidade de distribuir centenas de
Bíblias, folhetos e Novos Testamentos.
Por 31 anos
tenho compartilhado as boas novas, não só no Brasil, mas, há 22 anos, aqui na África.
Agora este Procurador e Juiz me deram um novo público. Fui preso com pessoas às
quais jamais teria acesso. Nunca teria sido possível compartilhar com elas em outra
situação. E, com certeza, eu jamais estaria aqui por minha livre e espontânea
vontade. Oremos para que a Palavra pregada encontre guarida nestes corações
sedentos — que nenhum "pássaro", "espinho” ou "pedra" atrapalhem
o crescimento dessas sementes.
Nos dias mais
angustiantes, o Senhor nos dá forças para continuar encorajando outros (falo
também pela irmã Zeneide). Continuamos a orar, alimentar e vestir vários
que passam por aflições ainda maiores, com o agravante de que não sabem a quem
recorrer. O nosso consolo é que temos um Cristo “algemado” conosco. Ele
nos mostra isso de muitas maneiras, por exemplo, pelo amor dos irmãos que vêm
de tão longe para nos visitar às segundas e sextas-feiras, mesmo que seja
apenas por 5 a 10 minutinhos.
Sinto Jesus me
falando que está comigo por meio de cada frase enviada, e-mail, palavra de
encorajamento no Facebook, cada oração, cada prato de comida ou guloseima
enviados, cada contribuição, manifestação de quererem nos ajudar nas despesas
gerais que estamos tendo, e mesmo na construção da nova cela para ajudar outros
presos e aliviar seu sofrimento de não poder dormir — somos 45
pessoas em minha cela e só tenho 30 cm de espaço para dormir – imaginem a cela
do mesmo tamanho com 200 presos! É quase impossível imaginar o sofrimento
destes homens.
Esse amor tem
impactado toda a prisão e até o tribunal. O juiz está impressionado
por recebermos tantas visitas.
Tenho pedido ao
Senhor que essas algemas sirvam de consolação para cada um que tem participado
e orado por esta causa – que isto os ajude, irmãos, a valorizarem mais Jesus e
sua presença em suas vidas e que vocês possam usufruir muito mais do seu amor,
presença e paz, que não depende das circunstâncias. Façam conhecidos a cada um
que se aproxime de vocês esse grande amor de Jesus, e sintam-se privilegiados
por sofrerem por este Nome.
Posso afirmar
que minhas algemas têm sido conhecidas desde o presidente da República até
o varredor de rua. Os jornais publicaram que Zeneide e eu somos uma «dupla
diabólica». Por isso estar estampado nas páginas de dois grandes jornais
do país, e nas rádios locais, passamos a ser odiados por toda a nação. Mas,
aqueles que têm tido contato conosco, sempre nos dizem: «Vocês são pessoas de
Deus». Outros dizem: «Esta prisão nunca mais será a mesma depois da passagem de
vocês por aqui».
Dentro de minha
cela, um após outro foram me conhecendo, ao compartilhar com eles comida,
frutas, medicamentos. Eles ficam supreendidos: «Mas por que você faz isso? Por
que você lembrou de mim?»
No Natal, como
as esposas e os filhos nada podem esperar de seus pais presos, minha esposa
comprou uns presentinhos para esses homens darem aos seus filhinhos. Não posso
expressar a alegria que sentiram ao recebê-los.
Houve dias em que
compartilhei da minha comida com 12 outros presos. E sabe do melhor? Não perdi
nenhum quilo. Dois prisioneiros italianos, que foram libertos, ficaram tão
agradecidos pelas orações e ajuda, que me enviaram queijo, salame e outras
guloseimas. Daqui a pouco 43 presos vão experimentar um pouco desta bênção...
Estou
compartilhando estes detalhes para encorajá-lo. Não desanime com coisa alguma.
Não importa o tamanho da luta que você esteja enfrentando, saiba que Jesus está
com você, passando junto pela dificuldade, até a hora da libertação. Busque-o,
ame-o, gaste tempo com Ele, seja íntimo dele, e o sofrimento não será nada. Ele
será sua âncora segura, sua salvação, aquele que atua e trabalha pelos seus.
Seu santo nome será glorificado!
Quando estava me
interrogando, o juiz finalmente disse: “Vocês não são uma associação de
malfeitores; vocês estão ajudando crianças em situação de risco.” Quando ele
ouviu as crianças, ficou ainda mais impressionado com a mudança de vida de cada
uma delas.
Esta prisão não
pode deter, muito menos meu Cristo e o seu Evangelho. Ao contrário, ela desperta
em mim mais amor e paixão por esta obra e pelo meu Mestre.
Tenho meu
coração agradecido a todos vocês que de uma forma ou de outra estão
aprisionados conosco. Recebam nosso abraço bem apertado. Que o nosso bom e
maravilhoso Senhor os console.
Pelas marcas de
Cristo, vosso prisioneiro,
Rev. José Dilson ou "Zé"
Para saber mais acesse o site da Ultimato - Missionários brasileiros estão presos há 3 meses no Senegal
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