Serviço ao próximo, um sinal do reino de Deus entre nós

Então, aproximou-se de Jesus a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e, prostrando-se, fez-lhe um pedido. "O que você quer? ", perguntou ele. Ela respondeu: "Declara que no teu Reino estes meus dois filhos se assentarão um à tua direita e o outro à tua esquerda".

Disse-lhes Jesus: "Vocês não sabem o que estão pedindo. Podem vocês beber o cálice que eu vou beber? " "Podemos", responderam eles. Jesus lhes disse: "Certamente vocês beberão do meu cálice; mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não cabe a mim conceder. Esses lugares pertencem àqueles para quem foram preparados por meu Pai".

Quando os outros dez ouviram isso, ficaram indignados com os dois irmãos. Jesus os chamou e disse: "Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos". 

Mateus 20:20-28 (NVI – Nova Versão Internacional)

Jesus já havia mostrado aos seus discípulos no Sermão da Montanha (Mt 5-7) que os valores do reino de Deus não são os mesmos que estão presente neste mundo corrompido e dominado pelo pecado. Tanto que as bens aventuranças é um manifesto de Jesus que contrapõe os valores do reino de Deus com aqueles presentes no mundo, como o arrependimento, a humildade, a misericórdia, a justiça, a pureza, a pacificação. O apóstolo Paulo fez uma advertência semelhante aos cristão que estavam em Roma, para que não se conformassem com o mundo, o jeito que ele está e a indiferença que se vive em relação a revelação de Deus por meio de Jesus, mas que houvesse uma profunda mudança de mente e atitude deles (Rm 12:1-2). A fé cristã combate o pensamento dominante de um mundo secular, arredio e distante de Deus, e nos convoca ao desenvolvimento de uma cosmovisão cristã, na qual Deus está reconciliando consigo o mundo através de Cristo (2 Co 5:19; Cl 1:20).

Nesta cena, Jesus está repreendendo os seus discípulos que estão se estranhando entre si, pois obviamente há uma disputa de poder. Dois irmãos decidem acenar a Jesus o interesse de assumirem certo tipo de governança entre os demais, ocupar um lugar de honra e prestígio que os destacariam dos outros apóstolos. Novamente Jesus adverte os seus discípulos para a realidade da vida no reino de Deus, que entra em confronto direto com esse sistema de domínio e opressão que vivemos. Jesus os chama para olharem o modo como vivia e sua missão, para que obtivessem algum entendimento sobre o que é o reino de Deus e o que ele propõe – paz com Deus e vida com qualidade (Cl 1:21, Jo10:10).

No reino de Deus o pecado não mais regula e distorce os relacionamentos, mas a imagem de Deus é redimida nos seus súditos. Logo, a referência para a vida passa a ser o próprio Deus e não mais os abusos daqueles que exercem domínio, que oprimem. A imagem do Reino é de liberdade e contentamento, uma real possibilidade de ser tudo aquilo para o qual fomos criados (Gn 1:27). A reprodução do mal não é mais uma condicional que pesa sobre os nossos ombros.

Como o reino de Deus é uma invasão a este mundo (Jo 3:16), todos aqueles que depõem as suas armas e se submetem ao Senhor deste reino (Jesus Cristo) tornam-se necessariamente em promotores dos valores que estão contidos nele, dos quais agora desfrutam (2 Co 5:17-20). Observem que a vida no reino de Deus tem essa viés de receber e compartilhar (Mt 10:8), não há espaço para a escassez e necessidade, todos que recebem tornam-se também doadores. Aqueles que recebem perdão devem perdoar (Mt 6:12,14-15), aqueles que recebem consolo devem consolar (2 Co 1:3-6), aqueles que recebem dons (poder) devem servir (Rm 12:4-8)... ou seja, o Reino é um lugar de contentamento, aonde todos são tratados com dignidade e no qual o papel do menor e do maior se confundem, pois todos são igualmente servidos.

Jesus está tentando fazer seus discípulos entenderem a dinâmica desta nova vida que é oferecida aos cristãos. Logo, a qualidade com a qual vivemos está diretamente relacionada com o comprometimento que temos com os valores desse Reino (contidos no Evangelho) e com a promoção (testemunho de vida) dos mesmos. Assim sendo, seguem alguns conselhos dos primeiros cristãos que tinham a imagem de Jesus como alguém que passou pelo mundo fazendo o bem a todos (At 10:38):
E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos. (Gl 6:9)
Odeiem o que é mau; apeguem-se ao que é bom... Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios... Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades. Pratiquem a hospitalidade... Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram... Tenham uma mesma atitude uns para com os outros. Não sejam orgulhosos, mas estejam dispostos a associar-se a pessoas de posição inferior. Não sejam sábios aos seus próprios olhos... Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos. Façam todo o possível para viver em paz com todos... Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem. (Rm 12:9-21)
Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. (Tg 2:17)
Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade. (1 Jo 3:18)
Pedro Paulo Valente
Publicado originalmente no Blog do Pedro
Mensagem na UPA 02/09/2011

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