Adolescentes têm o hábito de mentir online e dizem preferir sua “vida virtual”
Uma pesquisa divulgada na Inglaterra comprova o que muitos já desconfiavam. Os adolescentes preferem a vida virtual, aquela que construíram atrás do monitor, a seu dia a dia no mundo real. O relatório encomendado pela organização Kidscape, que se dedica a prevenir crimes contra a infância na internet, recebeu o nome de Virtual Lives: It is more than a game, it is your life [Vidas virtuais: é mais do que um jogo, é a sua vida].
Uma das conclusões que mais chamou atenção é que 45% dos 2,3 mil adolescentes britânicos (entre 11 e 18 anos) entrevistados eram mais felizes com sua vida online. Na conversa com os pesquisadores, um dos jovens declarou : “É mais fácil ser quem você quer ser, porque ninguém nos conhece de verdade. Se você não gosta de uma situação, pode simplesmente desligar o computador e acabou.” Outro disse: “Você pode dizer qualquer coisa online. Pode conversar com pessoas que normalmente não conversaria e pode editar suas fotos para ficar com uma aparência melhor. É como se você fosse uma pessoa completamente diferente.” Alguns adolescente admitiram que o único lugar onde se sentia confortável para admitir sua homossexualidade, eram os fóruns anônimos da internet.
A pesquisa mostra que 47% admite se comportar de maneira diferente quando está online, sentindo-se mais poderosos e confiantes. O psicoterapeuta Peter Bradley, que também é vice-diretor do Kidscape, disse que o desejo de tantos jovens em adotar uma identidade diferente na web era motivo de preocupação, pois com isso acabam se divorciando da realidade.
Um em cada oito, ou 12,5%, declararam já ter mentido sobre seus dados pessoais na internet. Destes, 60% mentiu sobre sua idade ao falar com desconhecidos online, enquanto 40% mentiu sobre seus relacionamentos pessoais.
Cerca de 10% dos entrevistados disseram que mudaram aspectos de sua aparência e sua personalidade para a sua atividade online. Bradley alerta que os adolescentes hoje correm sérios riscos ao se expor a esses encontros virtuais e colocam também seus amigos em perigo. Ele entende que: “Os resultados sugerem que os adolescentes vêem o ciberespaço como algo distinto do mundo real, um lugar onde podem explorar aspectos de seu comportamento e personalidade que possivelmente não iriam mostrar na vida real. Não podemos permitir que eles acreditem que o cibermundo é um lugar mais feliz que nossas comunidades reais. Caso contrário, estamos criando uma geração de jovens que não se encaixam adequadamente em nossa sociedade. “
Há de se levar em conta que 7% dos adolescentes admitiram que nunca falam toda a verdade a seus pais sobre o que fazem na internet, enquanto 83% admitem que já se comportaram de maneira agressiva rude ou imprópria, sendo que a proporção de garotos foi expressivamente maior.
“Estamos assustados com os riscos assumidos pelos adolescentes no ambiente online”, disse ele. “Eles não têm capacidade para entender o que essas atividades podem ter repercussão na sua vida real”, destaca Bradley. “Estamos criando uma geração de pessoas que não estão adaptadas à nossa sociedade.”
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