A igreja é fascinante

A igreja é fascinante. É o tema sobre o qual mais leio e sobre o qual mais ajunto livros. Refletir sobre ela sempre me traz novos aspectos e me faz ver sua grandeza e beleza, e como sou abençoado em fazer parte dela. Que honra ser igreja de Jesus! Escrevi um livro com um título À igreja, com carinho, que foi uma declaração de amor ao corpo de Cristo.

Amo igreja! Para muitas pessoas, igreja é apenas um lugar aonde ir. Ou uma instituição ou uma organização. Alguém que dizia seguir a Jesus referiu-se assim a ela: “Não tenho mais nenhum interesse nesta instituição”. Como é uma pessoa de mal com a vida, não liguei. Recebi e-mail de um ignoto, falando mal da igreja e se despedindo, pois se afastava. Sua carta, além de inconsistente, cheirava a ódio. Respondi a quem me encaminhou o e-mail: “Já vai tarde. Não fará falta alguma”. Nunca entendeu o que seja igreja. Nunca refletiu seriamente sobre ela. Mas também recebi bom e-mail de uma ex-ovelha de Brasília, advogada, afeiçoada à nossa família e nós à dela. Ela se lembrava de uma frase que eu disse num sermão:“Se você procura uma igreja perfeita, quando a encontrar, não entre nela para não estragá-la”.Algumas pessoas cobram da igreja o que elas mesmas não são. É um paradoxo (ou hipocrisia?). Igreja não é instituição nem organização nem lugar.

Segundo a Bíblia, igreja é gente. Gente da igreja que fala mal dela fala mal de si. E é arrogante, portando-se como se fosse superior aos outros. Não sou um oráculo de Yahweh, mas em 41 anos de ministério notei que os crentes que mais falam mal da igreja são exatamente os mais problemáticos. Nunca vi um crente piedoso, engajado, equilibrado, combater a igreja. Só os insubmissos, amargos e desagregadores. Inclusive, quando saem, a igreja melhora. A igreja local não é mera expressão da Igreja Invisível ou da Igreja de Todos os Tempos. Tem origem divina. O corpo de Cristo não é apenas a Igreja Mística e Invisível. A local também é: “Pois bem, vocês são o corpo de Cristo, e cada um é parte deste corpo” (I Cor. 12.27).

Paulo diz a uma igreja local que ela é o corpo de Cristo, e não uma parte dele. Disse o teólogo Ladd: “A igreja local não é parte da igreja, mas é a igreja em sua expressão local”. Os críticos da igreja são críticos do corpo de Cristo. Há pessoas que têm uma visão de cristianismo muito pessoal, para a qual querem adesão. Não a recebendo, se revoltam e acham que todos estão errados. São autoritários e não sabem ser voto vencido. Não aceitam ser conduzidos. Cobram de outros o que elas não têm nem dão: perfeição moral, amor e absoluta integridade espiritual. A postura dos críticos da igreja é estranha: a igreja são os outros. Eles se autoexcluem ao combatê-la. Para isto, ela já tem Satanás. Ela precisa de amantes, não de apedrejadores. A igreja é um grupo de pessoas que provou a graça de Deus em Jesus, creu nele, comprometeu-se com ele e o segue. Não é perfeita. Deus não terminou sua obra em nós. Temos falhas e somos imperfeitos. E precisamos uns dos outros. Para nos apoiarmos, para orar uns pelos outros. Não existe cristianismo privado. O cristianismo exige compartilhamento e mutualidade: “Consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, não abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia” (Heb. 10.25-26).

A igreja é um grupo de pessoas com suas vidas interligadas em Cristo, procurando viver em solidariedade e apoio espiritual. Quem quer mudar a igreja por ela não corresponder às suas expectativas (presumindo que esta seja a única pessoa certa e as demais estejam erradas), deve lembrar uma frase de Martin Luther King Jr.: “Se você deseja mudar alguém, deve amá-lo”. Ame a igreja. Cristo nos amou e nos mudou. Faça assim! Ame a sua igreja, ponha o ombro em baixo da carga e lute com ela. Sirva a ela, e não o Inimigo!
Pr. Isaltino Gomes Coelho Fº
Publicado originalmente no Jornal Batista de 03/03/2013

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